quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A TRÊS MILHAS DO PENEDO

Dizem os homens dali que no penedo só não se comem as pedras e os limos. Mas também se vai pescar mais longe. De bote e com o robalo em vista. É no Coberto, pedaço de mar onde as pedras nunca ficam visíveis.

Na Medroa é onde a gente entrava quando havia mar. Quando havia vagas os barcos saíam para a pesca e depois o mar alteava e a gente tinha de esperar que a maré enchesse para vir para dentro porque na Figueira havia uma barra muito fraca. Então a gente esperava que a maré viesse para cima para entrar. Havia ali um farol. É a indicação da gente para entrar (Paurrinhas, 23-7-2012).

Manuel fazia a pesca do robalo à linha. Do rile desenrola-se o fio de seda. 100 metros. Em cada duas braças, e mais um pouco, ata-se um estralho, fio de seda com o comprimento de uma braça. E preso no extremo do estralho, o anzol. Em cada sete anzóis leva uma bóia pequena. Nas extremidades, as pedras e as bóias sinalizadoras de maior dimensão.

Cada palanque leva duas pedras, uma em cada ponta. As bóias, a gente marcava por terra. É aquele poste por aquele, aquela casa por aquela. Às vezes com névoa é mais difícil. Mas são umas bóias maiores. São pintadas ou numeradas. Uma em cada lado. E essas pequenitas para deixar a linha não ir ao fundo. O isco era o pilado. Era um caranguezito, servia de isco, o pilado. São pequeninos (cabem na palma da mão). Há uma parte da asa maior, que corta mais, é mais rijo, a gente crava o anzol por baixo da pata e o pilado fica sempre vivo, aguenta-se dias e dias vivo. Lá no coberto. (Paurrinhas, 26-7-2012).


 Rile com fio de seda

Anzol preso com o estralho



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