segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DE SALTO À SERRA DA CABREIRA

Já ouvira falar dela várias vezes. D. Lúcia de Beços. Encontrei-a ontem na feira de produtos biológicos em Salto. Deixei os homens a consumir sangria e fui passear pelos poucos stands que tinha o recinto.
Num deles estava a D. Lúcia. Diz que já faz poucas coisas em lã e que agora prefere trabalhar o linho. Cardou a lã à minha frente para me explicar que são precisas oito panadas para fazer um manelo para pôr na roca. Lã que as pessoas deitam fora, disse-me.  Perguntei-lhe por quê. Botam fora. Porque dá muito trabalho fiar. E lavar a lã. E já ninguém quer trabalhar.

Depois falámos sobre as meias das pernas que tinha visto em casa do sr. Manuel em Gralhas. Por ali, em Salto, faziam-se essas proteções para as pernas, mas em burel. Convenço-me, cada vez mais, que o sr. Manuel tem em casa uma preciosidade. Que merecia uma atenção especial.

À conversa juntaram-se, depois, dois homens que tinham abandonado a sangria. As mulheres usavam as meias para passar a serra, para não picar as pernas nos tojos. Meias sem pés. Todas agasalhadas, mas com os pés descalços. Sabe que os homens olham muito para as pernas das mulheres. Antigamente as pernas tinham outro valor. Porque estavam escondidas. Veneravam-se as pernas das mulheres. Agora estão sempre à mostra!



A feira de Salto tinha, também, stands de alguns participantes do International European Rainbow Gathering 2011. Num dos stands, de uma rapariga vinda de Lugo, reencontrei-me com as minhas memórias dos Hare Krishna. Trouxe turmalinas, jade e quartzo rosa. Escolhe as pedras intuitivamente, li algures. Lembrei e deixei-me levar.



Muito mais tarde, na Serra da Cabreira, às 11h da noite, a violenta tempestade já tinha passado a sua fase mais crítica. E conduzir o jipe, atravessado por farrapos de nevoeiro que imaginei serem os espíritos inquietos da floresta a chamarem por nós, acabou por ser mais relaxante do que imaginei. Muito mais relaxante. Banho de chuva? Fica para a próxima ;)


2 comentários:

  1. as meias sem pés, são as peúcas. serviam também para defender barra da saia que quando molhada batia nas pernas e magoava-as deixando marcas.

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Sou uma antropóloga que só pensa em comida...
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