sexta-feira, 10 de junho de 2011

CASA DO LAVRADOR - VILAR DE PERDIZES

Os terrenos são sempre imprevisíveis. Tinha agendado ir conhecer três possíveis informantes produtores de licores, chás e compotas e rever o Padre Fontes com quem me cruzei, pela primeira vez, há 5 anos.
Na conversa com uma mulher que me tinha sido indicada como produtora de licores, acabei por descobrir que ela faz sabão artesanal com banha de porco, soda cáustica e ervas medicinais.
Diz que nem cheiram bem, mas que curam as maleitas da pele e ajudam a cicatrizar mais depressa.
Embora tenha aprendido inicialmente com pessoas mais velhas, foi só por ocasião de uma formação recebida há 15 anos que decidiu aplicar os conhecimentos mais antigos e os que resultaram do curso.
Na próxima terça-feira, como já tem poucas quantidades para venda, vai fazer uma nova barrela e eu vou poder acompanhar o processo, desde a colheita das ervas até ao corte do sabão.
Não foi possível, desta vez, chegar à fala com as outras duas pessoas que me tinham sido indicadas. Ficou para a próxima sexta-feira.
Houve, contudo, oportunidade de ir conhecer A Casa do Lavrador em Vilar de Perdizes.



A Casa do Lavrador é composta por dois pisos e pretende reproduzir as antigas habitações rurais.
Em baixo, nas cortes, estão os pipos, o alambique, o odre para transportar o vinho, as alfaias agrícolas e, entre muitas mais coisas, esta capa de burel.



Explicou-me a minha simpática guia que  nas cortes não está instalado nenhum sistema elétrico. Se for necessário alumiar o espaço em dias mais escuros, usam-se os equipamentos tradicionais.



Na parte de cima, fez-se uma reprodução dos diversos espaços que compunham uma habitação. Não há separação entre a zona do quarto, da cozinha e do tear. A cama tem um colchão de palha forrado a tecido riscado, como era tradicional, foi-me dito.


Em baixo, a enorme masseira. Na gaveta inferior guardava-se a comida já confecionada.



Ou então, optava-se por usar o mosqueiro que aparece, na imagem seguinte, do lado esquerdo. O armário grande servia como louceiro, mas também como lava-loiças. A bacia situada à esquerda era utilizada, precisamente, para lavar as loiças.



Para além da zona de preparação e consumo de comida, ainda havia espaço para o tear. Só as casas mais abastadas tinham tear, explicou-me a minha cicerone. O mais extraordinário foi, à saída da Casa do Lavrador, ter conhecido os antigos donos do imóvel. Vivi aqui os melhores anos da minha vida, disse-me a antiga dona.


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